O Enigma da Esmeralda: Decifrando os Significados Mutáveis do Verde na Comunicação Visual Global
- Anastasios Chatzipanagos

- 21 de set.
- 15 min de leitura
O mundo, em sua totalidade vibrante e cacofônica, se comunica em uma linguagem muito mais antiga e profunda do que as palavras faladas: a linguagem da cor. Dos sussurros da ocre nas antigas pinturas rupestres aos gritos de néon da Times Square, os tons são imbuídos de camadas de significado, ressonância cultural e peso psicológico. No entanto, presumir um léxico universal para a cor é perder as nuances fascinantes, e muitas vezes contraditórias, que definem nossa paisagem visual global. Um carmesim que significa paixão em uma terra pode anunciar perigo em outra; um azul sereno aqui pode ser um símbolo de luto ali. Essa intrincada dança de interpretação é particularmente pronunciada quando mergulhamos na história multifacetada do verde – uma cor tão onipresente na natureza, mas tão notavelmente diversa em suas implicações regionais e culturais. Como um camaleão, o verde muda seu significado, adaptando-se à base espiritual, às tradições estéticas e às realidades ambientais de seu local, impactando profundamente a forma como os designers criam mensagens e como o público as percebe.

Um esboço do cenário global verde:
I. Introdução: A Linguagem Universal, mas Relativa, da Cor
A. A premissa: A cor como uma ferramenta de comunicação primal.
B. O argumento central: Os significados das cores não são universais; eles são contingentes culturalmente, historicamente e ambientalmente.
C. Foco no verde: Um estudo de caso em semiótica regional.
D. O estilo "New Yorker": Combinando curiosidade intelectual com um toque narrativo.
II. O Amanhecer do Verde: Do Pigmento à Percepção
A. A gênese do verde: As primeiras tentativas humanas de criar e interpretar o verde.
1. Fontes naturais: Malaquita, verdete, terra verde.
2. Desafios nos primeiros pigmentos verdes: Instabilidade e toxicidade.
B. A evolução dos tons de verde: Um espectro de significado.
1. De esmeraldas vibrantes a azeitonas suaves: Como as variações de tom influenciam a percepção.
2. A divisão linguística: A linguagem molda nossa percepção do verde (por exemplo, a diferenciação russa de azul claro e escuro)?
III. A Psicologia do Verde: Uma Corrente Subjacente Universal?
A. Natureza e tranquilidade: O verde como um significante de vida, crescimento e ambientes naturais.
1. Hipótese da biofilia: A conexão humana inata com a natureza.
2. Efeitos psicológicos: Redução do estresse, aumento da concentração, sentimentos de renovação.
B. Saúde e bem-estar: O verde no branding moderno para produtos orgânicos, sustentáveis e médicos.
C. Dinheiro e prosperidade: O efeito da nota de dólar; o verde em contextos financeiros.
D. Inveja e ciúme: O "monstro de olhos verdes" – uma peculiaridade anglo-saxônica?
IV. O Verde no Cadinho da Cultura: Interpretações Regionais
A. O Sagrado e o Espiritual:
1. Islã: A cor do paraíso, da fertilidade e da bandeira do Profeta.
a. Contexto histórico: Primeiras bandeiras islâmicas, caligrafia e arquitetura.
b. Comunicação visual contemporânea: Bandeiras da Arábia Saudita, Paquistão, etc.; estética de mesquitas.
2. Irlanda: A ilha da esmeralda; patriotismo, catolicismo e identidade nacional.
a. O Dia de São Patrício e sua herança visual.
b. Simbolismo político: Republicanismo vs. Unionismo.
3. Ásia Oriental: Jade e longevidade; equilíbrio, prosperidade e status na China.
a. A reverência pelo jade: Sua importância cultural e econômica.
b. O verde na arte tradicional e no branding moderno.
4. Hinduísmo: Fertilidade, novos começos e frequentemente associado a divindades específicas.
a. Simbolismo em festivais e iconografia religiosa.
B. O Estético e o Artístico:
1. Renascimento e Barroco: O verde em retratos e paisagens.
2. Romantismo: A natureza selvagem e indomável.
3. Modernismo e arte contemporânea: O verde como uma declaração política ou um elemento abstrato.
C. O Ambiental e o Econômico:
1. Ambientalismo ocidental: O verde como o símbolo universal de sustentabilidade, ecologia e conservação.
a. O "movimento verde" e seu léxico visual.
b. Branding de responsabilidade social corporativa.
2. Desenvolvimento econômico versus preocupações ambientais: Como o verde é percebido em nações em desenvolvimento.
D. O Inesperado e o Atípico:
1. O verde na cultura japonesa tradicional: Historicamente, uma cor menos proeminente, frequentemente confundida com o azul (ao).
2. Sudeste Asiático: Significados regionais variados, da natureza a crenças espirituais específicas.
V. O Dilema do Designer: Navegando no Labirinto da Esmeralda
A. Segmentação de público: Adaptando a mensagem do verde a dados demográficos e culturas específicos.
1. Pesquisa de mercado e sensibilidade cultural.
2. Evitando gafes culturais: Exemplos de passos em falso.
B. Entrega da mensagem: Como o verde impacta a percepção da marca e a eficácia da comunicação.
1. Estudos de caso: Marcas que alavancam com sucesso os significados regionais do verde.
2. Estudos de caso: Marcas que lutam devido a interpretações errôneas.
C. O papel do contexto: Como o verde interage com outras cores, imagens e texto.
VI. Conclusão: O Espectro de Significado em Constante Evolução
A. Recapitulação: A profunda variabilidade regional do verde.
B. A evolução contínua do simbolismo da cor em um mundo globalizado.
C. A necessidade imperativa de uma comunicação visual cuidadosa e culturalmente informada.
D. Pensamento final: O enigma da esmeralda persiste, convidando a uma exploração infinita.

Muitas vezes, imaginamos a cor como um fenômeno primal, universalmente compreendido, um produto direto do olho e do cérebro humanos. E, em alguns aspectos fundamentais, é. O calor reconfortante do vermelho, a clareza nítida do branco, a profundidade sombria do preto – todos eles evocam certas respostas viscerais em todas as culturas. Mas parar por aí é negligenciar as intrincadas tapeçarias de significado tecidas por séculos de experiência humana, doutrina religiosa, expressão artística e condicionamento ambiental. É nessas camadas matizadas que reside o verdadeiro poder e perigo da comunicação visual. Um designer, munido de uma paleta e uma mensagem, deve navegar em um cenário de interpretação que pode ser tão fértil quanto traiçoeiro.
Nosso foco, então, se volta para a cor verde, um tom tão intrinsecamente ligado à própria vida, ao florescimento exuberante da natureza. Poder-se-ia supor que seus significados são diretos: crescimento, renovação, tranquilidade. E, de fato, essas são associações poderosas que ressoam globalmente. Mas, ao remover essas camadas superficiais, surge um caleidoscópio de interpretações regionais, revelando quão profundamente a cultura, a história e até mesmo a linguística moldam nossa percepção dessa cor aparentemente simples. Esta exploração, assim como um passeio por um antigo e coberto jardim, descobrirá histórias esquecidas, iluminará o significado espiritual e enfatizará os profundos desafios e oportunidades que aguardam aqueles que usam o verde na delicada arte da comunicação visual.
O Amanhecer do Verde: Do Pigmento à Percepção
A jornada humana com a cor começou muito antes do advento de tintas sofisticadas e telas digitais. Os primeiros humanos, observando o mundo natural, procuraram replicar seus tons, muitas vezes para fins artísticos ou rituais. O verde, onipresente na folhagem, apresentava tanto fascínio quanto um desafio. Ao contrário dos vermelhos prontamente disponíveis dos óxidos de ferro ou dos amarelos dos ocres, pigmentos verdes estáveis e vibrantes eram notoriamente difíceis de produzir.
Os primeiros verdes frequentemente vinham de minerais como a malaquita, um carbonato de cobre cuja distinta estrutura em faixas produz belos tons de verde. O verdete, outro pigmento à base de cobre, era criado expondo o cobre ao ácido acético, resultando em um verde vibrante, mas muitas vezes instável. A Terre Verte, ou "terra verde", derivada de vários minerais de argila, oferecia verdes mais suaves e terrosos, mas era menos intensa. Os alquimistas e artistas da antiguidade lutaram com o verde; muitos dos primeiros pigmentos verdes eram propensos a desbotar, a ficar pretos, ou eram totalmente tóxicos, como o Verde de Scheele e o Verde de Paris, que, alarmantemente, continham arsênico. Essa dificuldade histórica em criar verdes estáveis pode, em parte, explicar por que certas culturas tinham relações menos proeminentes ou mais ambivalentes com a cor em seus primeiros repertórios artísticos e simbólicos. O próprio ato de "fazer" o verde foi, por muito tempo, um empreendimento alquímico, imbuindo a cor de um certo misticismo.
A vasta gama de tons de verde complica ainda mais sua interpretação. É o verde luminoso, quase ácido, dos brotos de primavera, ou o verde viridiano profundo e sombrio de uma floresta antiga? É o verde-oliva empoeirado e suave de uma planta do deserto, ou a esmeralda cintilante de uma pedra preciosa? Essas variações não são meras preferências estéticas; elas influenciam sutil, mas profundamente, a percepção. Um verde limão vibrante pode evocar energia e juventude, enquanto um verde-floresta profundo sugere maturidade, estabilidade ou até mesmo mistério. A tonalidade específica pode, por si só, tornar-se um marcador cultural, associado a paisagens, tradições ou estados emocionais específicos.
Curiosamente, as diferenças linguísticas também podem moldar nossa percepção do verde. Algumas línguas, como o russo, têm palavras distintas para azul claro (goluboy) e azul escuro (siniy), tratando-os quase como cores separadas. Embora menos comum para o verde, fenômenos semelhantes existem. O grego antigo, por exemplo, muitas vezes agrupava o verde e o azul sob um único termo, "glaukos", destacando um contínuo histórico em vez de uma divisão nítida. Isso sugere que as próprias categorias que usamos para definir e nomear as cores podem influenciar como as processamos mentalmente e lhes atribuímos significado, criando divergências sutis, mas significativas, na compreensão visual em diferentes comunidades linguísticas.

A Psicologia do Verde: Uma Corrente Subjacente Universal?
Antes de nos aprofundarmos nas complexidades culturais, vale a pena reconhecer as associações psicológicas penetrantes que o verde frequentemente desencadeia, associações que parecem transcender muitas fronteiras geográficas. Em sua forma mais fundamental, o verde é a cor da natureza – das florestas exuberantes, dos campos férteis e da vida vegetal vibrante. Essa ligação intrínseca com o mundo natural confere ao verde efeitos psicológicos poderosos e muitas vezes positivos.
A hipótese da biofilia postula que os humanos têm uma tendência inata a se conectar com a natureza e outros sistemas vivos. O verde, como a cor dominante do mundo natural, aproveita essa conexão profundamente enraizada. Estudos mostram que a exposição a ambientes verdes, ou mesmo a imagens dominadas pelo verde, pode reduzir o estresse, diminuir a frequência cardíaca e promover sentimentos de tranquilidade e relaxamento. É a cor da renovação, do crescimento e da vitalidade, sugerindo vida e abundância. Isso explica seu uso generalizado em ambientes de saúde, onde uma atmosfera calma e restauradora é fundamental, e no branding de bem-estar, onde "natural" e "orgânico" são pontos de venda cruciais. Pense nos logotipos de lojas de alimentos saudáveis, produtos ecologicamente corretos ou até mesmo de certas marcas farmacêuticas – o verde é um motivo recorrente, comunicando sutilmente segurança, naturalidade e bem-estar.
Além da natureza e da saúde, o verde tem outra associação psicológica potente, embora mais localizada: dinheiro e prosperidade. Isso é particularmente verdadeiro nas culturas ocidentais, onde o verde onipresente da nota de dólar americano cimentou uma ligação entre a cor e a riqueza. Consequentemente, o verde é frequentemente empregado em instituições financeiras, anúncios bancários e branding relacionado a investimentos e crescimento econômico. Ele sugere estabilidade, prosperidade e um futuro financeiro saudável.
No entanto, até mesmo essas associações aparentemente universais podem ter um lado mais sombrio. O "monstro de olhos verdes" da inveja e do ciúme, uma frase popularizada por Shakespeare, é um lembrete poderoso de que o verde nem sempre é benigno. Essa associação em particular, no entanto, é em grande parte uma construção ocidental e não é compartilhada universalmente, destacando a própria questão de que mesmo as ligações psicológicas aparentemente comuns podem ser culturalmente específicas.
O Verde no Cadinho da Cultura: Interpretações Regionais
A verdadeira tapeçaria do significado do verde se desenrola quando viajamos por diferentes culturas, observando como a fé, a história e a estética local esculpiram sua importância. Aqui, o verde se transforma, assumindo papéis tão diversos quanto um farol espiritual, um emblema nacional ou um símbolo de tradições queridas.
O Sagrado e o Espiritual:
Talvez em nenhum lugar o poder do verde seja mais evidente do que em seus contextos sagrados. No Islã, o verde tem um imenso significado, muitas vezes considerado a cor do paraíso, da fertilidade e do Profeta Maomé. Textos islâmicos descrevem o paraíso como um jardim exuberante e verdejante, um forte contraste com as paisagens áridas onde a religião se originou. Essa visão cimentou a associação do verde com a bênção divina, a paz e a abundância. As primeiras bandeiras islâmicas, a caligrafia e a arquitetura das mesquitas frequentemente apresentam o verde. Hoje, muitas bandeiras de nações de maioria muçulmana, como Arábia Saudita, Paquistão e Argélia, exibem orgulhosamente o verde, significando não apenas sua fé, mas também suas aspirações de prosperidade e paz. Dentro das mesquitas, o verde frequentemente adorna cúpulas, minaretes e tapetes de oração, envolvendo os fiéis em uma atmosfera sagrada e tranquila.
Do outro lado do Mar da Irlanda, a Irlanda é famosa por ser a "Ilha da Esmeralda", uma terra onde o verde está interligado com a identidade nacional, o catolicismo e uma história de luta. O Dia de São Patrício, celebrado globalmente, é uma profusão de verde, simbolizando não apenas o santo, mas também as colinas verdejantes da Irlanda, o trevo (um poderoso emblema nacional) e um profundo senso de orgulho irlandês. Historicamente, o verde tornou-se uma cor do nacionalismo irlandês e da rebelião contra o domínio britânico, particularmente no contexto da maioria católica. "Usar o verde" já foi um ato de desafio, uma declaração visual de lealdade. Ainda hoje, as nuances do verde no discurso político irlandês – do verde vivo do republicanismo aos tons mais suaves associados a uma identidade nacional mais ampla – são poderosos lembretes de suas profundas raízes históricas.
Na Ásia Oriental, particularmente na China, o verde-jade transcende a mera cor para se tornar um material profundamente reverenciado e um símbolo de profunda importância cultural. O jade, com seu espectro de verdes, é valorizado há milênios por sua beleza, durabilidade e propriedades místicas percebidas. Ele simboliza pureza, longevidade, sabedoria e boa sorte. Na China antiga, o jade era associado à realeza, à imortalidade e ao poder espiritual, e era frequentemente usado em rituais e enterros. Usar jade era um sinal de status e uma conexão com o divino. Essa reverência continua hoje, com objetos de jade tendo imenso valor cultural e econômico. Portanto, quando o verde é usado na comunicação visual chinesa, ele frequentemente carrega ecos dessa profunda associação histórica e espiritual, sugerindo qualidade, tradição e prosperidade.
O Hinduísmo também abraça o verde, embora com interpretações mais variadas. Ele é frequentemente ligado à fertilidade, a novos começos e à prosperidade. Certas divindades, como Lakshmi, a deusa da riqueza e da prosperidade, às vezes são retratadas com verde ou associadas a vestes verdes. O verde também é proeminente em vários festivais e rituais, simbolizando o crescimento e a abundância. A vivacidade dos verdes naturais nas paisagens exuberantes da Índia influencia naturalmente essas associações, tornando-o uma cor que aparece frequentemente na iconografia religiosa e na arte tradicional para denotar auspiciosidade e vida.
O Estético e o Artístico:
Além do puramente sagrado, o verde desempenhou um papel fundamental na evolução da estética artística. Na arte do Renascimento e do Barroco, o verde frequentemente aparecia em retratos e pinturas de paisagens. Seu uso muitas vezes transmitia status social através de tecidos verdes luxuosos, ou fornecia um pano de fundo calmo e natural para figuras humanas. A renderização meticulosa de paisagens naturais, muitas vezes dominadas por verdes, refletia um interesse crescente no mundo natural.
Durante a era Romântica, o verde tornou-se sinônimo de natureza selvagem e indomável, simbolizando a liberdade, a paixão e o sublime. Artistas usavam verdes ricos e dramáticos para evocar florestas, montanhas e mares turbulentos, refletindo uma fascinação cultural mais ampla pelo poder bruto do mundo natural.
No modernismo e na arte contemporânea, o papel do verde se expandiu, às vezes tornando-se uma declaração política, um símbolo de preocupação ambiental ou um elemento abstrato explorado por suas qualidades visuais puras. Dos ciprestes vibrantes de Van Gogh aos campos de cor abstratos de Rothko, o verde continuou a desafiar e inspirar artistas.
O Ambiental e o Econômico:
Talvez a associação moderna mais globalmente reconhecida com o verde seja sua conexão com o ambientalismo, a sustentabilidade e a consciência ecológica. Nas culturas ocidentais, particularmente desde a década de 1970, o "movimento verde" adotou a cor como seu emblema universal. "Tornar-se verde" (going green), "produtos verdes" (green products), "energia verde" (green energy) – essas frases são onipresentes, comunicando instantaneamente um compromisso com a conservação, a ecologia e um futuro sustentável. As iniciativas de responsabilidade social corporativa alavancam fortemente o verde em seu branding para sinalizar sua consciência ambiental aos consumidores. Essa associação é tão poderosa que muitas vezes transcende suas origens geográficas, influenciando as percepções em todo o mundo.
No entanto, mesmo esse verde ambiental "universal" pode ser percebido de forma diferente. Em algumas nações em desenvolvimento, onde as preocupações imediatas podem ser o crescimento econômico e a mitigação da pobreza, o conceito de "verde" pode ser visto com um grau de ceticismo, percebido como um luxo ou até mesmo um impedimento ao progresso imposto por nações mais ricas. Isso destaca como o contexto socioeconômico pode alterar sutilmente até mesmo os significados aparentemente globais da cor.
O Inesperado e o Atípico:
Nem todas as culturas abraçaram o verde com o mesmo fervor ou lhe atribuíram significados tão dominantes. Na cultura japonesa tradicional, por exemplo, a cor "ao" (青) historicamente englobava tanto o azul quanto o verde, borrando a distinção que é tão clara nas línguas ocidentais. Embora existam termos específicos para o verde, sua importância independente na antiga estética e simbolismo japonês era frequentemente menos pronunciada do que o vermelho, o branco ou o preto. Estava mais entrelaçado com o conceito mais amplo de natureza e crescimento, em vez de carregar um peso simbólico distinto por si só. Essa confusão linguística e cultural destaca como a própria categorização das cores pode moldar seu significado cultural.
Da mesma forma, em partes do Sudeste Asiático, o significado do verde pode variar amplamente por região, tribo e crenças espirituais locais. Embora a natureza seja um fio condutor comum, as nuances específicas associadas ao verde podem se relacionar a espíritos particulares, colheitas específicas ou práticas cerimoniais únicas, demonstrando a natureza hiperlocal do simbolismo da cor em alguns contextos.

O Dilema do Designer: Navegando no Labirinto da Esmeralda
Para o comunicador visual, essa intrincada tapeçaria de significados do verde apresenta tanto um desafio fascinante quanto uma profunda responsabilidade. Projetar um logotipo, um anúncio ou um site exige mais do que apenas apelo estético; requer uma profunda compreensão da lente cultural do público-alvo.
Segmentação de Público: O primeiro imperativo é uma meticulosa pesquisa de mercado e sensibilidade cultural. Uma marca que lança um produto ecológico globalmente pode descobrir que sua marca verde ressoa poderosamente na Europa e na América do Norte, mas talvez menos em uma região onde o verde está principalmente associado ao simbolismo religioso, ou onde o próprio conceito de "ecologia" tem um peso cultural diferente. Um verde vibrante que significa novos começos em uma cultura pode inadvertidamente evocar doença ou má sorte em outra. O exemplo clássico de faux pas cultural inclui marcas que usam cores que conflitam com os costumes locais de luto ou que se referem involuntariamente a sensibilidades políticas. Para o verde, isso pode significar entrar inadvertidamente em território religioso ou nacionalista sem a intenção.
Entrega da Mensagem: A forma como o verde é empregado impacta diretamente a percepção da marca e a eficácia da entrega da mensagem. Considere dois exemplos contrastantes: uma marca de alimentos orgânicos ocidental usando um verde brilhante e fresco para transmitir pureza e saúde natural. Isso ressoa bem com um público acostumado a essa linguagem visual. Agora, imagine uma marca semelhante sendo lançada em um país predominantemente muçulmano onde o verde está tão fortemente associado ao Islã. Embora o aspecto natural ainda possa ser transmitido, a conotação religiosa pode ofuscar ou até mesmo se confundir com a mensagem pretendida de alimento orgânico. Por outro lado, uma instituição bancária que usa um verde profundo no Ocidente se beneficia das associações com riqueza e estabilidade. Em outras culturas, onde o verde pode ter ligações financeiras menos diretas, seu impacto pode ser diminuído ou interpretado de forma diferente.
O papel do contexto não pode ser exagerado. O verde raramente é visto isoladamente. Seu significado é sempre inflexionado pelas cores circundantes, pelas imagens que o acompanham e pelo texto. Um verde vibrante combinado com ouro em um contexto islâmico reforça o luxo e o paraíso. O mesmo verde vibrante combinado com branco nítido em uma campanha ambiental ocidental sugere pureza e limpeza. Um designer deve considerar todo o ecossistema visual, garantindo que a tonalidade e o contexto escolhidos do verde se alinhem perfeitamente com a mensagem desejada e a interpretação cultural.
Conclusão: O Espectro de Significado em Constante Evolução
A jornada pelos variados significados do verde sublinha uma verdade fundamental na comunicação visual: a cor nunca é meramente decorativa. É uma linguagem potente e viva, em constante evolução, profundamente enraizada no tecido da experiência humana. O "enigma da esmeralda" do verde – sua profunda variabilidade regional – serve como um lembrete poderoso de que nossa compreensão da cor é menos sobre verdades universais e mais sobre realidades culturalmente construídas.
Em nosso mundo cada vez mais globalizado, onde marcas e mensagens atravessam continentes na velocidade da luz, a necessidade de uma comunicação visual cuidadosa e culturalmente informada nunca foi tão grande. Designers e comunicadores devem se tornar arqueólogos linguísticos da cor, desenterrando as camadas de significado, compreendendo as nuances da percepção local e usando suas paletas com sensibilidade e discernimento. Presumir uma linguagem universal da cor é arriscar a incompreensão, diluir o impacto e alienar o público. Abraçar o léxico rico e diverso da cor, particularmente os tons mutáveis do verde, é desbloquear uma profunda capacidade de conexão, compreensão e comunicação verdadeiramente eficaz. O enigma da esmeralda persiste, convidando a uma exploração infinita, lembrando-nos para sempre que mesmo a cor mais comum pode conter um universo de significado.
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